Saturday, June 19, 2010

Aquecimento global antropogénico, biocombustíveis e mortes de fome

Os trabalhos de investigação e desenvolvimento com o objectivo de produzir biocombustíveis são motivados pelo papão do Aquecimento Global Antropogénico, promovido pelo PAIC (Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas da ONU, IPCC em Inglês) e utilizado como justificação de muitos projectos megalómanos, economicamente inviáveis e moralmente condenáveis, incluindo as energias renováveis, créditos de carbono e biocombustíveis.

Nesta última categoria incidem os trabalhos do colega João Varela, relatados pelo próprio no dia 18 de Junho de 2010 na palestra intitulada "Organismos marinhos — Fontes promissoras de biocombustíveis e compostos bioactivos". O autor propõe usar micro-algas para produzir biodiesel, num processo que utiliza luz solar numa instalação localizada no deserto, água salgada do mar, dióxido de carbono e adubos. Quanto a viabilidade económica, os projectos mostram-se completamente inviáveis, apresentando preços pelo menos 5 vezes superiores aos combustíveis naturais. Assim, terão de ser fortemente subsidiados, tanto na fase de instalação como na fase de exploração, esbanjando o dinheiro dos contribuintes.

Por outro lado, os custos reais serão ainda mais elevados, havendo várias razões para isso. Pois o autor não propôs qualquer solução para obtenção do dióxido de carbono, necessário para manter os rendimentos elevados de micro-algas. Obviamente, a solução implícita seria de ir a boleia dos projectos megalómanos, dispendiosos e completamente fúteis, na medida que o dióxido de carbono não apresenta qualquer perigo ambiental,  de captação do dióxido de carbono gerado nas centrais térmicas, muito embora não se vislumbra a possibilidade de instalação de uma central térmica no meio do deserto, pois estas necessitam de grandes quantidades de água doce para arrefecimento. Ainda a produção de nitrato de amónia, fonte de nitrogénio necessário para crescimento rápido de micro-algas, é um processo energicamente dispendioso, que utiliza combustíveis fosseis. O recurso a combustíveis renováveis neste último processo, embora reduza o consumo de combustíveis fósseis, ocupa áreas agrícolas, com consequências moralmente inaceitáveis, pois implica a produção agrícola de combustíveis. Fica por resolver a questão de reciclagem de águas com salinidade elevada, e com concentrações elevadas de nitratos, que resultaria da evaporação dos reservatórios abertos num ambiente desértico, ou de custos de limpeza de tubos de vidro e de desinfecção das águas, no caso de utilização de instalações fechadas.  

As justificações de desenvolvimento de biocombustíveis são ainda baseadas em estimativas tendenciosas do tamanho de jazidas de petróleo e do carvão, semelhantes às publicadas de Wikipedia, falsificada pelos visados do escândalo Climategate, ou das do governo do Estados Unidos, totalmente rendido às ideias do lobby do Aquecimento Global Antropogénico. De facto, não existe qualquer problema com fornecimento de petróleo ou de carvão, nem seja previsível que estes problemas possam aparecer. Pois observando a experiência histórica, o tamanho de jazidas conhecidas e confirmadas de petróleo tem estado a crescer, na medida que as jazidas conhecidas foram extraídas. Ora ninguém vai procurar jazidas novas, enquanto as existentes produzem o necessário, já que as novas descobertas podem fazer baixar os preços, desvalorizando os investimentos feitos anteriormente. É fácil de perceber estes factos do ponto de vista geológico, já que apenas 4% da superfície terrestre foram alguma vez pesquisados a propósito de petróleo. Apenas um país, o Iraque, deve ter pelo menos 60 mil milhões de toneladas de petróleo, por extrair.

Além disso, a eficiência teórica máxima de aproveitamento de energia solar em fotossíntese é de apenas 11%, enquanto a eficiência de células fotovoltaicas hoje em dia ultrapassa este valor em pelo menos 3 vezes, mostrando pouca eficácia da abordagem proposta.  

O futuro de fornecimento de energia está nos reactores nucleares que conseguem consumir os detritos radioactivos, extraindo até 50 vezes mais energia do urânio do que os reactores antigos, mas não em qualquer tipo de produção biológica, economicamente inviável e moralmente reprovável, por estimular o crescimento dos preços no mercado de bens alimentares, conducente a fome e a morte em massa de pessoas nos países pobres.

1 comment:

  1. Ai está uma abordagem realista acerca deste assunto professor! Estou farto de ler acerca de "soluções" onde se esquecem de referir que a produção destas soluções a que lhes chamam viáveis, gastam mais combustíveis fósseis que se estes forem empregues directamente para o fim que queremos... Deste modo torna-se pouco promissor apostar num biodiesel ou etc que tem um custo e poluição associados tão elevados, acabando por no final das contas ainda ficar em défice em relação ao uso directo dos combustíveis fósseis.

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